Eleições 2010: Servidor do TCE publica artigo em O Liberal

Avaliar desempenho ajuda no voto

REINALDO VALINO

A Auditoria Operacional é um tipo de fiscalização exercida tanto pelo controle interno como o externo, cujo objetivo é fazer uma avaliação independente do desempenho de uma organização, programa, atividade ou função governamental, de maneira a fornecer informações que aperfeiçoem a responsabilização dos  agentes públicos e facilitem a tomada de decisão por parte dos agentes com responsabilidade de supervisionar ou iniciar ações corretivas.

Trazendo aquele conceito para o atual cenário político e eleitoral brasileiro, pode-se, a grosso modo, fazer algumas comparações que podem subsidiar o cidadão a escolher em quem votar nestas eleições. Seria interessante se o eleitor, antes de votar, fizesse esse mesmo tipo de avaliação com os políticos que há tanto tempo estão na política e, ainda, tentam a reeleição ou o retorno ao poder.

Uma espécie de auditoria operacional poderia ser feita pelo eleitor ao levantar e obter informações suficientes para avaliar o desempenho dos políticos e, consequentemente, decidir, na hora do voto, se realmente merecem continuar nos representando. Algumas questões podem ser feitas pelo cidadão para saber se vale a pena repetir o seu voto ou se um candidato merece uma segunda, terceira, quarta ou quinta chance. Por exemplo: como foi a atuação dos políticos que já governaram? Como os deputados e senadores votaram no parlamento? Quanto e como gastaram suas verbas públicas de custeio pessoal? Que candidatos estão envolvidos em crimes? Quais são os investigados por mau uso do dinheiro público? Quem são os políticos gazeteiros? Quanto de dinheiro possuem hoje em relação ao que possuíam antes de seus primeiros mandatos?

Para obter as respostas às questões levantadas, o eleitor não precisa conhecer as técnicas de auditorias utilizadas por um especialista em auditoria, basta buscar informações que podem ser adquiridas por meio da imprensa, de dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral, em sites políticos do Brasil, em organizações não governamentais e associações sem fins econômicos ou lucrativos como a Transparência Brasil.

As respostas vão dizer se aquele político que governou promoveu ações que trouxeram benefícios efetivos à população; se os votos dos parlamentares foram contra ou a favor dos interesses da sociedade; se as verbas que ganham extrassalário são realmente necessárias para uso pessoal ou poderiam ser aproveitadas de uma outra forma mais exemplar; se aquele candidato que está envolvido em crime merece mais do que aquele que tem a ficha limpa; se o seu candidato consta das listas de inelegíveis dos tribunais de Contas; quais os políticos comprometidos com as suas funções; e quais os candidatos que mais enriqueceram durante os seus mandatos, pelo menos desde 2002, ano em que o TSE obrigou os candidatos a apresentar uma lista com seus bens.

Quanto a este último aspecto, a revista Época fez uma pesquisa e a divulgou em julho deste ano na matéria sob o título “A riqueza dos políticos”. A pesquisa permitiu medir quem são os políticos mais ricos do país, aqueles que mais enriqueceram durante seus mandatos e o grau de transparência de cada um com a própria riqueza. É fato que o trabalhador que atua no serviço público não enriquece após aposentar-se. Mas os números da pesquisa permitiram dizer que a política enriquece. Alguns governadores, deputados e senadores tiveram crescimento em seus patrimônios que vão de 76% a 774% em apenas quatro a oito anos de mandato. É como se o salário mínimo aumentasse, no mesmo período, para R$ 3.950,00, um sonho para o trabalhador assalariado.

Portanto, avaliar o desempenho de políticos candidatos à reeleição ou daqueles que desejam continuar ou voltar ao poder permite ao eleitor ter conhecimento se os mesmos, durante seus mandatos, utilizaram o dinheiro público de forma econômica, eficiente e eficaz e se suas ações, como políticos e governantes, tiveram impacto positivo à população. Assim, será menos difícil escolher os candidatos que merecem realmente a confiança e seu valioso voto.

Reinaldo Valino é analista de Controle Externo, especialista em Auditoria Pública e Gestão.

[Clipping da Notícia]